Na Batalha de Tejucupapo, mulheres ganham primeiro destaque em confrontos

Pelo mar, Tejucupapo fica próximo à ilha de Itamaracá, onde os holandeses estavam refugiados

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Invasões holandesas e a Insurreição Pernambucana


Quando ocorreu a invasão de Portugal por Filipe II, rei da Espanha, e consolidou-se a União das Coroas ibéricas, entre 1580 e 1640, os holandeses foram proibidos de comercializar com o Brasil, já que a Holanda era inimiga da Espanha. O império filipino pretendia asfixiar a República das Províncias Unidas ou Países Baixos.

A reação da burguesia holandesa não tardou. Financiando corsários para atacar comboios e destruir bloqueios luso-espanhóis, a Holanda foi minando a resistência filipina. No Oriente, conquistou as Molucas. Procurando uma atuação mais organizada, os holandeses fundam em 1602 a Companhia das Índias Orientais, responsável pela tomada de colônias espanholas no Oriente, como a Malásia.

Interessados no comércio ocidental, em 1621, reúnem-se na Companhia das Índias Ocidentais, a W.I.C., responsável por ações bélicas e mercantis no litoral oriental da América do Norte – onde, em 1631, é fundada Nova Amsterdã, atual Nova York – pela ocupação das Antilhas, do litoral ocidental da África e do nordeste do Brasil.

Empenhados em romper o monopólio ibérico, os holandeses definiram seu objetivo: recuperar o comércio que tinham desenvolvido até o estabelecimento da União Ibérica. Não haveria interferência na produção e a classe dominante permaneceria intocável.

A primeira tentativa de conquista deu-se na Bahia, capital da colônia, entre 1624 e 1625. Os holandeses contando com 26 navios e 500 canhões dominaram rapidamente a cidade de São Salvador do Mundo, e o governador Diogo de Mendonça Furtado foi enviado a Amsterdã.

Entretanto, os flamengos não tiveram êxito ao tentarem conquistar a Zona da Mata devido à grande atuação do bispo Marcos Teixeira e de Mathias de Albuquerque, governador de Pernambuco, que estimulavam a resistência local sob forte propaganda de cunho religioso anti-calvinista – As Milícias dos Descalços.

Em 1625, chegou ao Brasil uma frota luso-espanhola conhecida como Jornada dos Vassalos, sob a liderança do nobre D. Fradique de Toledo, contando com 52 navios e doze mil homens, que expulsou os holandeses da Bahia.

Apesar de expulsos, os holandeses deixaram no litoral americano o corsário Piet Hein, que, em 1628, capturou um galeão espanhol carregado com 14 milhões de florins em prata, com a qual a W.I.C. enriquecida financiou uma nova ofensiva contra o Brasil.

Em 1630, contando com 77 navios e sete mil homens, uma armada holandesa surgiu diante da Marim dos Caetés, como era conhecida Olinda.

O Primeiro ponto a ser conquistado foi Pau-Amarelo, praia do litoral norte de Pernambuco, localizada no município do Paulista.

Entre 1630 e 1654, dominaram, com exceção da Bahia, praticamente todo o litoral nordestino. Todavia entre 1630 e 1635 o governador de Pernambuco, Mathias de Albuquerque, organizou uma resistência conhecida como Arraial do Bom Jesus.

A historiografia tradicional aponta o mestiço alagoano Domingos Jorge Calabar como um traidor e responsável pela vitória dos holandeses. Porém, devemos analisar tal fato a partir de um acordo entre os holandeses e os senhores de engenho pernambucanos, interessados em restabelecer o comércio do açúcar com a Europa.
Em 23 de janeiro de 1637 chegou a Pernambuco o conde João Maurício de Nassau, acionista da WIC, e responsável por estabelecer uma unidade política sobre os domínios holandeses no nordeste brasileiro.

Joham Mauritius van Nassau-Siegen nasceu em 1604, em Dillenburg, na Alemanha. Apesar de ingressar na vida militar aos 14 anos, teve formação humanista, estudando na Universidade da Basileia.

Instalando-se em Recife, Maurício de Nassau realizou importantes obras de infra-estrutura e desenvolveu a cultura da região ocupada. Seguem algumas dessas realizações:
• Concedeu empréstimos aos senhores de engenho, com juros de 18% ao ano e com prazo de 10 anos para quitação;
• Instituiu a tolerância ou liberdade religiosa (os holandeses eram calvinistas);
• Construiu pontes, teatros, museus e palácios, no Recife;
• Instalou o primeiro observatório astronômico da América Latina;
• Construiu a cidade Maurícia ou Maurstadt, a partir do projeto de Peter Post, que jamais veio ao Brasil.;
• Criou o Conselho de Escabinos, formado por três membros representantes da aristocracia rural;
• Fundou o primeiro horto botânico e zoológico do Brasil – Horto de Del Rey – em Olinda.

Nassau foi uma espécie de príncipe renascentista nos trópicos. Desembarcou com 46 artistas, cientistas, naturalistas e sábios. Entre os letrados incluíam-se Johann Benning, professor de ética e físico; Elias Heckman, botânico; o médico Willem Piso e o naturalista Georg Marcgraf, que em 1648, publicaram, na Alemanha uma das mais completas obras sobre o Brasil desse período, catalogando doenças tropicais, clima, fauna e flora.

Dentre os pintores destacaram-se Frans Post e Albert Eckout, que legaram um grande acervo cultural à posteridade. Eckout, chegou em terras brasileiras com 25 anos, aqui ficando até os 33. Pintor naturalista e dono de um estilo singular e detalhista documentou tipos humanos, plantas e animais desconhecidos na Europa.

Post, por sua vez era um brilhante paisagista que retratou, como primeiro pintor europeu, a magnífica natureza tropical e cuja obra foi doada por Nassau ao rei Luís XIV. Apesar do príncipe Maurício de Nassau (1637-1644) ter favorecido as boas relações entre os burgueses da W.I.C. e os senhores de engenho pernambucanos, em 1645 estoura a Insurreição Pernambucana.

A Insurreição Pernambucana
Contando com a visão romântica da União das Raças, os latifundiários pernambucanos “expulsam” definitivamente os holandeses de Pernambuco em 1554. Esse fato, no entanto, provocou uma decadência profunda na produção açucareira durante a segunda metade do século XVII, devido aos investimentos flamengos nas Antilhas.

Estando envolvida em conflitos internacionais, a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), contra a Espanha, a Holanda passou a explorar ao máximo o Nordeste brasileiro. A exigência de pagamentos dos empréstimos, o aumento do frete e os altos impostos cobrados sobre o açúcar, provocaram uma reação de Nassau, que divergindo da nova orientação da companhia no trato com a aristocracia açucareira, demitiu-se, retornando à Europa.

A companhia, através dos seus funcionários, o “Conselho Supremo”, insistiu em manter a política de cobrança antecipada dos empréstimos, executando hipotecas e atingindo o valor mais precioso das elites - a propriedade.

Através de táticas de guerrilha, a aristocracia local, estabelecendo alianças com setores populares, empreendeu forte luta contra os invasores. Apesar de articulada pelas elites luso-brasileiras, a guerra contra os holandeses passou à história, de maneira distorcida, como a base do nacionalismo brasileiro – A União da Raças.

Os batalhões brancos eram comandados pelos luso-brasileiros João Fernandes Vieira, o mais e rico e endividado senhor de engenho de Pernambuco e André Vidal de Negreiro, o mais rico e também endividado senhor de engenho paraibano. O batalhão indígena era comandado pelo potiguar Filipe Camarão, o índio Poti. O negro Henrique Dias, que possuía a patente de capitão de terra e mar comandava o batalhão dos negros.

Cercados e necessitando desesperadamente de alimentos, cerca de 600 batavos, saídos por mar do forte Orange, na ilha de Itamaracá tentaram ocupar Tejucupapo, onde esperavam encontrar a farinha de mandioca, frutas e pescado. Segundo os historiadores, eles escolheram justamente o domingo, 26 de abril, para realizar a investida porque era nesse dia que os homens do vilarejo costumavam ir ao Recife, a cavalo, para vender nas feiras da capital os produtos da pesca. Sendo assim, a localidade estaria menos protegida, acreditavam os holandeses.

Mas a intenção foi frustrada porque se iniciou uma reação da pequena e valente população local, que liderada por quatro mulheres - Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Joaquina - lutou bravamente contra os invasores. Os registros informam que elas ferveram água em tachos e panelas de barro, acrescentaram pimenta, e escondidas nas trincheiras que haviam cavado, atacaram os holandeses com a mistura.

Como saldo da batalha, mais de 300 cadáveres ficaram espalhados pelo vilarejo. As mulheres guerreiras do Tejucupapo saíram vitoriosas.

Após algumas vitórias dos revoltosos no Monte das Tabocas (1645), na Primeira e na Segunda Batalha dos Guararapes (1648 e 1649, respectivamente) e do episódio conhecido como as “Heroínas do Tejucupapo” (1648), os holandeses, envolvidos na guerra contra a Inglaterra, capitularam com a assinatura do Armistício da Campina das Tabordas, em 1654. Entretanto, a formalização diplomática só ocorreu em 1661, com a assinatura da Paz de Haia.

Paz de Haia:
- Portugal devolveu todas as armas holandesas perdidas no Nordeste do Brasil;
- Portugal entregou as Ilhas Molucas à Holanda;
- Portugal pagou uma indenização de quatro milhões de cruzados.

Consequências da Expulsão dos Holandeses
Após saírem de Pernambuco os holandeses dirigiram-se para as Antilhas, onde instalaram uma produção açucareira. Detendo a técnica de refino, possuindo grande capital e mais próximo da Europa, o açúcar antilhano foi desbancando o brasileiro no mercado internacional

FONTE: PE360 GRAUS

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou a nataly do interior de PE
Estou cursando Licenciatura Plena em História...
E estou concluindo o meu 7º período...
Mas por falta de tempo de tanto trabalhar os dois horários ...
Não estou com tanto tempo para pesquisas e idéias para iniciar minha conclusão de curso.
Por isso estou visitando alguns sites dos quais achei bem interessantes como este seu...
Arquivo bem importante...
Mais atualmente a minha dor de cabeça é meu tema do Tcc.....
Pois o que me identifico mais dentro do campo histórico é tanto a religiosidade, quanto as artes que nela encontramos...
Se tiver algum tema relacionando meu Pernambuco ficarei grata!
Adorei seus arquivos... Parabéns!
Meu email natyfaint@gmail.com
Ou MSN: ppekena@hotmail.com