Portos foram determinantes para o crescimento de cidades

Recife surgiu como um porto para a então vila de Olinda

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A importância dos portos atlânticos na história

de: Ricardo Gomes
As cidades portuárias foram foco de grandes disputas entre países, no processo de expansão marítima do início da Idade Moderna. O controle de tais cidades dava vantagens para quem pudesse administrar seus portos, estreitando relações comerciais e diplomáticas com outras nações e possibilitando tanto o escoamento da produção quanto a atração de negócios e investimentos estrangeiros.

Portos bem estruturados contribuem não só para a inserção de certa economia nacional na globalização econômica como também traz contribuições significativas para o desenvolvimento interno. Por exemplo, para que haja possibilidade de se chegar a um porto são necessárias vias de acesso planejadas e bem executadas: rodovias são abertas ou requalificadas, ferrovias são implantadas e melhoramentos são feitos para tornar mais eficiente a circulação de veículos e pessoas nas proximidades.

Além disso, ocorre o aparecimento de estabelecimentos comerciais, concentração de residências para atender à demanda de mão-de-obra e para o aproveitamento das oportunidades oferecidas pelo afluxo de riquezas e serviços na região.

BRASIL (RECIFE)No século XVI, o porto do Recife havia atraído a atenção dos colonizadores. Tratava-se de um ancoradouro que na época colonial recebeu o nome de Arrecife dos Navios e funcionou como principal portão de escoamento de mercadorias como o açúcar, o pau-brasil, animais silvestres, ouro e pedras preciosas, e do desembarque de imigrantes europeus.

A presença holandesa (163-1654) proporcionou consideráveis melhorias nas atividades portuárias, que cresceram bastante desde então, promovendo um certo distanciamento do Recife em relação ao controle exercido pela câmara municipal de Olinda. Esse distanciamento chegou a tal ponto de os grandes comerciantes protagonistas da Guerra dos Mascates, de 1710, exigirem do governo português a elevação do Recife à vila e sua consequente independência política em relação ao governo olindense.

Nova dinamização das atividades do porto se deu quando, em 1808, o recém-chegado príncipe regente de Portugal, D. João VI, abriu os portos às “nações amigas”, possibilitando um maior intercâmbio das atividades econômicas regionais com a Inglaterra. Inseria-se assim o nosso país no sistema econômico liberal internacional para realização do comercio de madeira, ouro e outras riquezas naturais, bem como para a importação de produtos manufaturados, especiarias e escravos da África.

ESPANHA
Durante o período colonial, no qual a Espanha exerceu domínio sobre grande parte do continente americano, apenas um porto na metrópole ibérica, a princípio Sevilha, poderia realizar o comércio com as colônias. Enquanto no continente americano, destacou-se o porto de Havana (Cuba), com permissão para o comércio metropolitano e, anos depois, os portos de Vera Cruz (México), Porto Belo (Panamá) e Cartagena (Colômbia).

Tratava-se do sistema de porto único, uma medida adotada para que pudesse ser evitado o contrabando de mercadorias, uma vez que toda a produção do continente americano sairia de um único porto em direção a um único porto na Espanha.

ESTADOS UNIDOS
Outro episódio marcante na história de portos atlânticos americanos diz respeito à colonização inglesa no atual território dos Estados Unidos. Em 1773 a Inglaterra impôs restrições e monopólio sobre a comercialização de chá para suas colônias.

Tais medidas acabaram desencadeando uma enorme revolta que culminou no episódio chamando "Boston Tea Party" (Festa do chá de Boston) em que, prejudicados, um grupo de colonos fantasiados de índios, na colônia de Massachusetts, jogou ao mar todo o carregamento do produto dos navios da inglesa Companhia das Índias Orientais que estavam ancorados no porto de Boston. Após o ocorrido, o governo inglês puniu severamente os habitantes daquela localidade, fechando o porto da cidade e delegando aos militares ingleses o direito de ocupar casas de civis.

O porto de Boston foi interditado até o pagamento dos prejuízos e foram tomadas outras medidas severas, como o julgamento e a punição de todos os colonos envolvidos em distúrbios contra a Coroa. Esse episódio acelerou o processo de independência dos Estados Unidos.

PATAGUAI
Países interiores, ou seja, os que não têm acesso ao mar, sofrem certa limitação para a expansão de seu crescimento. Um caso emblemático é o do Paraguai. Durante os longos governos de José Francia (1811-1840) e Carlos López (1840-1862), o analfabetismo havia diminuído significativamente no país e surgiram fábricas, indústrias siderúrgicas, estradas de ferro e um eficiente sistema de telégrafo.

Nesse quadro de relativo sucesso socioeconômico e de autonomia internacional, Francisco Solano López, cujo governo iniciou-se em 1862, enfatizou a política militar-expansionista, a fim de ampliar o território paraguaio. Pretendia criar o "Paraguai Maior", anexando, para isso, regiões da Argentina, do Uruguai e do Brasil (como Rio Grande do Sul e Mato Grosso).

Obteria, dessa forma, acesso ao Atlântico, tido como imprescindível para a continuação do progresso econômico do país. Usando como pretexto a intervenção brasileira no Uruguai e contando com um exército bem mais numeroso que o do oponente brasileiro, Solano López tomou a ofensiva ao romper relações diplomáticas com o Brasil, em 1864. A resposta brasileira foi a imediata declaração de guerra ao Paraguai.

CONSIDERAÇÕES FINAISEm linhas gerais, a partir da década de 1990, vários países passaram a se preocupar com a implantação ou a modernização de seus principais portos, atendendo a uma nova demanda provocada pela inserção do mercado mundial no processo de globalização da era do Capitalismo neoliberal.

A história portuária brasileira se estende das instalações rudimentares, implantadas logo após o descobrimento, até os grandes complexos portuários e terminais especializados hoje existentes ao longo de toda sua costa. 


FONTE: PE360 GRAUS

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