Região enfrenta eventos climáticos extremos com secas e chuvas intensas. População vai ser a maior afetada caso o ciclo de chuvas continue alterado.
Pesquisadores conseguiram desvendar o fenômeno climático que desencadeou as secas de 2005 e 2010, na Amazônia. O resultado dos estudos foi publicado pelo cientista climático José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na revista americana Geophysical Research Letters. Seu artigo revela que a seca de 2010 foi a mais severa desde que as medições hidrológicas foram instaladas no Rio Negro, em 1903.
Os períodos de estiagens intensos são atribuídos à confluência de dois fenômenos climáticos de rara ocorrência continua. O primeiro foi um El Niño, que é o aquecimento das águas do oceano Pacífico Sul, o que intensifica as secas em várias regiões do Brasil. O fenômeno ocorreu entre dezembro e abril, justamente no período das chuvas na Amazônia, o que reduziu drasticamente o nível dos rios.
E depois, justamente durante a seca, houve um aquecimento das águas do Oceano Atlântico acima da linha do Equador – o que faz com que a umidade acumulada pela junção das correntes de ar que transitam pelo planeta permaneça no Hemisfério Norte, deixando a região da Amazônia muito mais seca. “Frente a duas ocorrências tão intensas houve uma drástica mudança no padrão das chuvas da região e tivemos as secas de 2005 e 2010”, explica o pesquisador José Marengo.
Intensidade
A diferença entre as duas tragédias é que a intensidade foi diferente. A primeira atingiu a região sul da Amazônia entre os rios Madeira e Solimões. “Já a seca de 2010 foi mais intensa na Amazônia Central e no leste da região”, explica.
A diferença entre as duas tragédias é que a intensidade foi diferente. A primeira atingiu a região sul da Amazônia entre os rios Madeira e Solimões. “Já a seca de 2010 foi mais intensa na Amazônia Central e no leste da região”, explica.
Um segundo estudo do Inpe mostra que o mesmo fenômeno que intensificou as secas foi responsável pelas chuvas de 2009. Mas as chuvas ocorreram por um fator contrário, ou seja, houve o aquecimento das águas do Atlântico abaixo da Linha do Equador, o que jogou a massa de ar que fica acumulada nessa região para a Amazônia e o Nordeste. O resultado foram as inundações e enxurradas que assolaram as populações dessas regiões.
Essa alternância de fenômenos climáticos na Amazônia já foi indicada nas modelagens feitas pelo Hadley Center, um instituto inglês de estudos climáticos, onde há uma previsão de uma grande alternância de extremos climáticos para todo o Brasil. “Não podemos ainda afirmar nada sobre esses fenômenos serem uma confirmação de mudanças climáticas, porém são sinais que as modelagens podem estar certas”, conclui Marengo.
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