Saiba quais as cobras peçonhentas de Pernambuco

O professor de Biologia explica que Pernambuco possui quatro espécies venenosas: a surucucu, a jararaca, a cascavel e a coral

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Ophideos (serpentes)

As serpentes são animais desprovidos de membros, não possuem cintura pélvica ou escapular. A escapular pode ser encontrada ainda de forma vestigial em pítons, jibóias e algumas outras serpentes. São connhecidas atualmente 3.149, que podem variar em tamanho desde pequenas escavadoras (e. g. Leptotyphlopidae) com pouco mais que 10 cm, às constritoras (e. g. Boidae) que podem chegar a mais de 10m de comprimento.

Todas as serpentes são animais carnívoros, ingerindo suas presas inteiras. Parece que uma espécie asiática aquática (Erpeton tentaculus), inclui plantas aquáticas em sua alimentação. Porém, para alguns autores existe a possibilidade de tratar-se de ingestão secundária ocorrida acidentalmente durante a captura da presa.

O crânio é bastante flexível, assim como o ligamento quadrado-pterigóide e o vínculo quadrado-supratemporal, permitindo um grau considerável de movimento tridimensional no crânio.

A ausência do osso esterno também auxilia na deglutição de presas grandes.  As presas geralmente são ingeridas inicialmente pela cabeça, para que as patas da presa sejam pressionadas contra o corpo, facilitando a deglutição ou também para evitar o risco de injúria por parte da presa.

SUBJUGAÇÃO DAS PRESAS
Basicamente, existem três métodos de subjugação de presas: tragar viva, constrição e envenenamento. A constrição e o envenenamento são especializações para a predação que permitem que uma serpente manipule presas grandes ou perigosas (ex. ratos, cobras) com pouco risco de injúria.

Geralmente as serpentes que não apresentam dentes inoculadores de veneno ou o hábito de constrição para subjugar as presas, elas se alimentam de presas que não oferecem riscos de retaliação (ex. lesmas, minhocas, anuros, ovos). Exemplo: Jararacuçu-d'água (Liophis miliaris) que  se alimenta de anuros e peixes; Cobra-de-tijolo (Atractus reticulatus) que se alimenta de minhocas; Dormideira (Sibynomorphus mikanii) que se alimenta de lesmas; Cobra-cipós (Chironius sp,.). 

Na constrição, a serpente mata sua presa por asfixia. Entretanto, é possível que muitas vezes a morte acontece por parada circulatória. Ela agarra a sua presa com as maxilas e a envolve com uma ou mais alças de seu corpo. As alças são pressionadas contra as alças adjacentes, e o atrito evita que a presa force as alças para abri-las.

Cada vez que a presa exala, a serpente elimina o afrouxamento, apertando as alças levemente; em poucos minutos, a presa é sufocada. São exemplos de serpentes constritoras as pertencentes a família Boidae: Jibóia (Boa constrictor),  Corallus hortulanus, Sucuris (Eunectes murinus; E. notaeus) e as pítons (ex. Python sebae). Algumas serpentes da família Colubridae e Dipsadidae também apresentam constrição: Cobra-verde (Philodryas olfersii), Falsa-coral (Oxyrhopus guibei) e Muçurana (Clelia plumbea).

Em algumas linhagens de serpentes, evoluíram dentes inoculadores de veneno, divididos em três categorias de dentição: Opistóglifa, que apresentam dentes aumentados e sulcados na região posterior da maxila (ocorre em alguns colubrídeos); Proteróglifa, apresentam dentes inoculadores sulcados localizados na região anterior da maxila, sendo fixos e relativamente curtos; Solenóglifa, dentes inoculadores canalizados localizados na região anterior da maxila, são longos e móveis, projetando-se para frente durante o bote. O veneno é um complexo de enzimas, que apresenta dentre outras funções, a capacidade de imobilizar e matar as presas e, auxiliar no processo de digestão. 

São exemplos de serpentes que utilizam o envenenamento: espécies da famíla Viperidae: Cascavéis (Crotalus durissus), jararacas (Bothrops spp.) e a surucucu (Lachesis muta) que alimentam-se de roedores espécies da família Elapidae, Corais-verdadeiras (Micrurus spp.) que se alimentam de outras cobras e anfisbênios, King Cobra (Ophiopagus hannah), Najas (Naja spp.) e Mambas (Dendroaspis spp.); algumas espécies da família Colubridae, Tantilla melanocephala, que se alimenta de lacraias (Scolopendromorpha), Thamnodynastes strigatus e a Cobra-verde (Philodryas olfersii), que incluem roedores em suas dietas, Falsa-Coral (Erythrolamprus aesculapii), que se alimenta de outras cobras.

Existem nomes que designam as categorias de serpentes segundo a dieta: batracófagas, que se alimenta de anuros; rodentívoras, que se alimenta de roedores; saurívoras, que se alimenta de lagartos; ofiófagas, que se alimentam de outras cobras; moluscívoras, que se alimentam de moluscos; piscívoras, que se alimentam de peixes. Algumas espécies se enquadram em mais de uma categoria.

Batracófagas: Liophis spp.; Xenodon sp.; Waglerophis merremii; Leptodeira annulata.
Rodentívoras: Crotalus durissus; Bothrops alternatus.
Saurívoras: Pseudoboa spp.; Siphlophis spp.
Ofiófagas: Clelia sp.; Micrurus spp.
Moluscívoras: Dipsas sp.; Sibynomorphus spp.; Tomodon spp.
Piscívoras: Micrurus surinamensis; Helicops spp.


ÓRGÃOS E SENTIDOS
As serpentes podem localizar suas presas por olfato (quimiorrecepção), visão ou por termo-orientação. A quimiorrecepção é um sentido básico das serpentes, onde a língua bífida é colocada para fora da boca, capturando moléculas odoríferas no ar e transportando até o órgão de Jackobson, processando assim as informações. Espécies de colubrídeos e Dipsadídeos noturnos (ex. Oxyrhopus spp. e Siphlophis spp.) e fossoriais (ex. Atractus spp.) e as espécies de Micrurus, devem localizar suas presas utilizando este sentido.

As espécies diurnas e de hábitos subarborícolas ou arborícolas Chironius spp. e a caninana, Spilotes pullatus), apresentam a visão desenvolvida. Ahaetulla prasina, uma espécie asiática, apresenta a pupila do olho horizontal e o focinho afilado proporcionando uma visão binocular.
As fossetas labiais dos boídeos (Ex. Corallus spp.) e a fosseta loreal dos viperídeos (cascavéis e jararacas), proporciona a termo-orientação para estas serpentes. Estes órgãos funcionam como um radar térmico, auxiliando na localização de presas endotérmicas (ex. roedores) durante a noite.


ACIDENTES OFÍDICOS

                                                               Grupo I

Jararacas (gênero Bothrops)

São as serpentes responsáveis por cerca de 90% dos acidentes ofídicos registrados no Brasil. São conhecidas por jararacuçu, urutu, jararaca de rabo branco, jararaca-pintada.

Características: coloração variada com padrões de manchas naturais semelhantes a uma ferradura ou um “V” invertido. O corpo é fino e mede aproximadamente um metro de comprimento. Possuem fosseta loreal (orifício localizado entre a narina e o olho). A dentição é solenóglifa (dentes inoculadores canalizados localizados na região anterior da maxila, são longos e móveis). A cauda é lisa e afilada.

Habitat: é encontrada nas zonas rurais e periferia de grandes cidades, em lugares úmidos em que haja roedores (depósitos de lenha, seleiros).

Distribuição geográfica: encontradas em todo o território brasileiro.
Principais atividades do veneno. proteolítica (atividade inflamatória aguda), coagulante e hemorrágica.

Sintomas após a picada: dor, edema (inchaço), rubor, equimose (formação de bolhas) e necrose. A hipotensão e o choque periférico são observados em acidentes graves e são devidos à liberação de mediadores vasoativos. Ocorre aumento do tempo de coagulação sanguínea. A vítima pode falecer devido a insuficiência renal aguda. A vítima também poderá ter infecção secundária por bactérias que são encontradas na flora bucal da serpente.

Tipo de soro: antibotrópico ou antibotrópico-laquético.


                                                             Grupo II
Cascavel (gênero Crotalus)

É responsável por 8% dos acidentes ofídicos registrados no brasil. É conhecida também por “boicininga”, “maracá” e “boiquira”.

Características: coloração marrom-amarelada, corpo robusto medindo cerca de 1,5m. possui fosseta loreal e apresenta caracteristicamente um chocalho ou guizo na cauda. Não possui habito de atacar, quando se sente ameaçada balança a cauda, emitindo ruído com o chocalho.

Habitat: campos abertos, áreas secas, arenosas ou pedregosas. Pode ser encontrada também em plantações, como cana, milho e café.

Distribuição geográfica: encontrada em quase todo o território brasileiro, com exceção da Floresta Amazônica, zona da Mata Atlântica e regiões litorâneas.

Ação do veneno: neurotóxica, miotóxica e coagulante.

Sintomas após a picada: ptose palpebral (queda das pálpebras), diplopia (visão dupla), visão turva, urina avermelhada ou marrom. Insuficiência respiratória aguda em casos graves. Ocorre aumento do tempo de coagulação sanguínea. A vítima pode falecer por insuficiência renal aguda.

Tipo de Soro: anticrotálico.


                                                             Grupo III
 
Surucucu (gênero Lachesis)
Responsável por 1,5% dos acidentes causados por ofídios no país. Também conhecida como “pico de jaca” e “malha-de-fogo”.

Características: é a maior serpente peçonhenta das Américas, podendo chegar a 3,5 m. possui fosseta loreal e dentição solenóglifa. As escamas da cauda são arrepiadas com a ponta lisa.

Habitat: florestas densas.

Distribuição geográfica: encontrada na Amazônia e nas florestas da Mata Atlântica, do estado do Rio de Janeiro ao Nordeste.

Ação do veneno: proteolítica, hemorrágica, coagulante e neurotóxica.Sintomas após a picada. Semelhante ao acidente causado por jararacas (Bothrops), acrescido de bradicardia, hipotensão arterial e distúrbios digestivos (diarréia). A vítima poderá falecer por insuficiência renal aguda.

Tipo de soro: antilaquético.


                                                           Grupo IV

Corais verdadeiras (gêneros Micrurus e Leptomicrurus)
São responsáveis por menos de 1% dos acidentes ofídicos.

Características: são serpentes de pequeno e médio porte, com tamanho em torno de um metro. Não possuem fosseta loreal e possuem dentição proteróglifa. Seu corpo e coberto por anéis vermelhos, pretos e brancos ou amarelos. Na região amazônica (Leptomicrurus) existem algumas serpentes com padrão diferente, como por exemplo, branco e preto. É importante prestar bastante atenção nas cores das corais. Por todo o país existem serpentes com coloração semelhante a das corais verdadeiras: falsas-corais.

Habitat: vivem no solo sob folhagens, buracos, entre raízes, ambientes florestais e próximo de água.

Distribuição geográfica: encontrada em todo o território brasileiro.

Ação do veneno: neurotóxica.

Sintomas após a picada: ptose palpebral (Queda das pálpebras dos olhos), diplopia (visão dupla), sialorréia (abundância de salivação), dificuldade de deglutição e insuficiência respiratória aguda, de instalação precoce. A pessoa pode falecer por insuficiência respiratória.

Tipo de soro: antielapídico.

FONTE: PE360 GRAUS

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